Em entrevista para a Coluna de Daniela Freire, parlamentar comenta cenário para 2026, avaliação do governo Fátima Bezerra e justifica não da MI do INSS b2g14
Em entrevista para a Coluna de Daniela Freire, parlamentar comenta cenário para 2026, avaliação do governo Fátima Bezerra e justifica não da MI do INSS
Publicado 9 de junho de 2025 às 15:45
Daniela Freire: Deputada, o PT tem se organizado em torno do nome do secretário estadual de Fazenda, Cadu Xavier, para disputar a sucessão da governadora Fátima Bezerra em 2026. Aparentemente, o partido está unido nesse processo, mas e os demais partidos aliados, como têm se posicionado a respeito desse projeto?
Natália Bonavides: Cadu Xavier é um excelente quadro do nosso partido, o melhor hoje para disputar as eleições para o Governo do Estado. O nome dele vem sendo construído dentro do PT e tem tido grande aceitação. Cadu tem rodado pelos quatro cantos do RN, ouvido e conversado com a nossa base. No Partido dos Trabalhadores nós fazemos assim: construímos juntos as candidaturas primeiro dentro das nossas instâncias. Portanto somente depois que for finalizado esse processo é que ampliaremos a discussão para a base composta pelos outros partidos aliados. De todo modo, adianto que o nome de Cadu Xavier tem sido muito bem recebido por quem está do nosso lado. Acredito que só a oposição é que não está muito satisfeita, porque vê nele um candidato forte e com condições de vencer as eleições.
Daniela Freire: Como a senhora tem visto as pesquisas sobre a disputa de 2026 que estão incluindo o seu nome na disputa para o Governo? Está confirmada a sua candidatura a deputada federal?
Natália Bonavides: Nós vamos disputar a reeleição à Câmara Federal, como já deixamos explícito em todas as vezes em que fomos questionadas. Quem me conhece sabe que não sou de esconder jogo. Em 2020, quando disse que não disputaria a Prefeitura de Natal, muita gente afirmou que era blefe. Provei que não era. Agora acontece o mesmo. Muitas pesquisas têm por objetivo confundir o cenário. As pesquisas são usadas ao gosto de uns e outros, como mostraram as eleições do ano ado. Mas esse cenário já está dado: Cadu é o nosso candidato e vai disputar o Governo do Estado. Eu vou para deputada federal.
Daniela Freire: A gestão da governadora Fátima Bezerra apresenta uma leve melhora na avaliação popular (segundo pesquisa Seta divulgada recentemente), mas continua bastante desaprovada entre os potiguares. Como a senhora avalia esse cenário e o impacto para 2026?
Natália Bonavides: A governadora Fátima Bezerra tem feito um bom trabalho à frente do Governo do RN. Mesmo enfrentando um primeiro mandato com o Governo Federal jogando contra, porque Bolsonaro decidiu prejudicar o RN para atacar adversários políticos, ela colocou as contas em dia, pagou as dívidas e deixou o Estado em melhores condições. O início do segundo mandato também foi dificultoso: Lula entrou na presidência, mas tinha que executar o orçamento deixado pelo antecessor. Não foi fácil. Porém essa parceria já tem gerado frutos. O que Fátima tem feito com as estradas, por exemplo, é histórico. Nunca se realizou um programa de reestruturação das rodovias estaduais da magnitude do que está sendo feito por Fátima Bezerra. Quem circula pelas estradas do RN sabe. Como você bem disse, a avaliação do governo já tem apresentado melhora e eu acredito que seja essa a tendência até o ano que vem.
Daniela Freire: A deputada considera que o Governo Lula, nesses dois anos e meio, tem feito a sua parte para ajudar no desenvolvimento do RN?
Natália Bonavides: O Governo Federal precisa seguir executando os investimentos que já está realizando na nossa região e no nosso Estado, e ampliar esse trabalho. É verdade que o governo Lula já está entregando muita coisa no Nordeste. É a nossa região a que tem tido maior crescimento do PIB. É a nossa região, e especialmente o nosso estado, que tem tido melhores resultados na industrialização. Porém, a expectativa por mudanças gerada legitimamente com a eleição de Lula é alta. Em um país com o ivo de desigualdade como o Brasil, e especialmente em uma região como o Nordeste, na qual o resultado dessa desigualdade é sentido mais severamente. É preciso que haja um esforço maior em conciliar entregas de políticas públicas com disputa política e mobilização popular. No RN, o Governo Federal tem sido um parceiro da nossa governadora Fátima e também dos Municípios. Os prefeitos têm recebido mais recursos através do FPM sob a gestão Lula. Para se ter uma ideia, o menor montante do Fundo de Participação dos Municípios direcionado pelo presidente às prefeituras potiguares, que foi o do ano de 2023, ainda é superior ao maior recurso enviado pelo Governo Bolsonaro. Obras estruturantes, como a da Barragem de Oiticica, a duplicação da BR-304, que começa em setembro, e as demais que já estarão espalhadas pelo nosso Estado através do Novo PAC, são prova também dessa parceria que Lula tem com a governadora e com o povo potiguar. Nosso Estado também tem tido ótimos resultados na política de incentivo à nova indústria. O RN liderou o ranking de crescimento da participação da indústria no PIB do estado e está entre os estados que mais têm gerado empregos.
Daniela Freire: No RN há parlamentar dizendo que “constrói” obras, por indicar emendas de custeio para o Estado. A senhora, assim como os demais da bancada potiguar no Congresso, também envia emendas desse tipo ao RN, mas não afirma à população que está “construindo” hospitais, por exemplo. Por quê?
Natália Bonavides: Com as emendas parlamentares, nós firmamos parcerias com instituições, que incluem prefeituras e Governo do Estado, para trazer melhorias ao povo potiguar, que é a razão fundamental do nosso trabalho. O que acontece com alguns parlamentares é que eles utilizam desses recursos financeiros para fazer politicagem ou se promover a qualquer custo. É o tipo de político que não serve ao povo, mas age por interesses próprios e visa somente à manutenção do poder. Trata-se de uma política que disputa “likes” e “hates” e que tem o apoio de parte da imprensa do nosso estado, para a construção de narrativas em favor de alguns pequenos grupos econômicos do RN.
Daniela Freire: Falando em bancada no Congresso Nacional, a senhora e Fernando Mineiro foram os únicos deputados do RN que não am a MI do INSS. Por qual motivo? Não seria menos desgastante politicamente exigir a inclusão do período anterior e ?
Natália Bonavides: Não assinamos porque uma I não é necessária para que haja investigação. A fraude já está sendo apurada por quem tem competência para isso: a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU). Aliás, foi graças à atuação dessas duas instituições — com destaque para a CGU, órgão do próprio governo — que esse esquema começou a ser desvendado e combatido. Não foram aqueles que agora defendem a I que descobriram a fraude. Pelo contrário: foi o governo federal que tomou a iniciativa e está enfrentando o problema.
Uma I não vai contribuir em nada para o avanço das investigações. Ao contrário: só vai gerar barulho, servir de palco para quem nunca demonstrou real compromisso com a defesa dos direitos dos aposentados. Quando tiveram a chance de combater esse tipo de prática, fizeram exatamente o oposto. Por isso, essa proposta de I não se sustenta e não há nada que possa salvá-la. Afinal, por que uma investigação conduzida por este Congresso seria mais eficaz do que aquela feita por órgãos especializados e experientes no combate ao crime? Hoje, as instituições de investigação estão funcionando. E isso é mérito do governo Lula. São elas que estão enfrentando a fraude. O cenário é muito diferente do que vimos no governo Bolsonaro. Estamos fazendo o que realmente importa: apoiando o trabalho técnico e responsável das instituições competentes.
Daniela Freire: O senador Rogério Marinho, que foi secretário Especial da Previdência no governo Bolsonaro, quando 10 das 11 associações investigadas pelo roubo aos aposentados am contrato para iniciar descontos indevidos, tem colocado a fraude do INSS no colo do governo Lula, alegando que o volume do roubo subiu em 2024. O que a senhora responderia ao senador em um debate sobre o tema?
Natália Bonavides: O senador Rogério Marinho faz parte desse pessoal que a todo tempo tenta esconder a verdade e distorcer os fatos. Não à toa tem sob seu poder boa parte dos veículos de comunicação do Rio Grande do Norte. Rogério sempre teve uma atuação antipovo. Tirou direitos da classe trabalhadora com a reforma trabalhista, atacou a aposentadoria com a reforma previdenciária. Quando era secretário Especial da Previdência, nunca lhe ou pela cabeça apurar os crimes que foram cometidos no INSS, mas agora quer aparecer como o grande defensor dos aposentados. Defendemos que tudo que aconteceu de ilegal no órgão seja investigado. Mas enquanto tem gente tentando resolver o problema, outros só estão querendo fazer barulho e se aproveitar do que aconteceu.
Daniela Freire: Como a deputada tem acompanhado as notícias sobre as quase mil páginas de novas provas anexadas pelo GAECO-MPE na investigação de abuso de poder político econômico contra a chapa Paulinho Freire/Joanna Guerra, que saiu vitoriosa na disputa das eleições em Natal?
Natália Bonavides: É tudo muito preocupante e só tem confirmado todas as denúncias que fizemos durante a campanha. Essa disputa eleitoral foi feita de um lado por quem jogou dentro das regras, apresentou um projeto para Natal e defendeu propostas para melhorar a vida do povo que mora na cidade, e do outro por quem descumpriu a lei e quis levar o resultado na marra. As novas revelações feitas pela imprensa são chocantes e graves. Como vimos, entre as evidências estão registros de assédio moral em Centros de Educação Infantil, grupos de WhatsApp com diretores pressionando estagiários a votar nos candidatos do então prefeito Álvaro Dias, que eram Paulinho Freire e seus vereadores. As provas do MP mostram também que secretarias municipais foram utilizadas para beneficiar campanhas eleitorais. Conversas revelam o manejo de servidores públicos para ‘amarrar’ votos. A apuração do MP aponta até para a interrupção de dias letivos de aula em escolas municipais para que os funcionários comparecessem a eventos de campanha. Quando denunciamos os casos, sabíamos que se tratava de algo sistematizado dentro da estrutura da prefeitura. Seguimos acompanhando de perto o caso e cobrando a responsabilização dos culpados. Acreditamos que a Justiça Eleitoral fará o seu papel ao julgar esse caso. O que acreditamos é que há provas suficientes que mostram que toda a estrutura da Prefeitura de Natal foi utilizada como gabinete de campanha política em favor da chapa de Paulinho Freire e Joana Guerra, bem como para os vereadores que o então prefeito Álvaro Dias desejava eleger. Confiamos que a Justiça será feita.
Daniela Freire: Deputada, nas suas redes sociais uma publicação sobre “coronelismo eletrônico” tem chamado a atenção. A senhora aborda o domínio político e econômico dos principais meios de comunicação no RN e o consequente afastamento das vozes progressistas nesses sistemas. Qual seria o caminho para uma mudança desse cenário?
Natália Bonavides: O que primeiro precisamos dizer a respeito dessa situação é que o uso de concessões públicas de rádio e TV em benefício político é crime. E o que deve ocorrer para combater o crime é a denúncia, investigação e enquadramento legal dos responsáveis por eles. Temos feito nossa parte com relação a isso e há processos em curso na Justiça. Esse coronelismo eletrônico tem consequências graves e tem sido praticado aqui no estado no estilo “quem paga, pauta”. Estamos cada vez mais sem brecha para opiniões divergentes na maior parte dos veículos de comunicação do Rio Grande do Norte. Denunciamos muito isso durante a campanha eleitoral do ano ado, em Natal. Vários desses veículos fizeram uma cobertura que privilegiava a campanha do atual prefeito da nossa capital. Uma rádio chegou a entrar com uma ação contra mim, para tentar tirar do ar uma propaganda eleitoral nossa que criticava essa parcialidade. O objetivo deles é óbvio: censurar o debate democrático e garantir que prevaleça a voz de quem tem dinheiro e poder político. Essa situação não pode continuar, precisamos defender o Jornalismo livre, crítico e plural, que investiga corrupção, denuncia injustiças e que fortalece a democracia. Precisamos trabalhar para construir e fortalecer uma comunicação realmente democrática no nosso estado, para fazer frente ao que vem acontecendo.
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